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sexta-feira, 19 de maio de 2023

Terno balançar




Eram doces tempos de colher morangos e flores silvestres nos campos. As coelhinhas deixavam suas acalentadoras toquinhas todas as manhãs, e com o suave toque do sol, em um céu de amanhecer cheio de sonhadoras poesias, elas iam para os campos, cantarolando alegres canções. Naquele dia, encontraram um balancinho no caminho, tão terno, até umas rosinhas nasceram nele, como se ali fosse o melhor lugar. Acharam aquilo mágico, coisa de fada, e ficaram ali por um tempinho, com a cestinha de morangos nas mãos, as flores no colo, e os corações balançando. O sereno balançar era uma poesia do tempo, que levava aos pequeninos dias, onde todos os pés sabiam tocar o céu.


quarta-feira, 15 de março de 2023

Além do jardim secreto



Passarinha Robin é mais passarinha de poesia e livro do que passarinha real. Ela tem o doce som do imaginário em suas asas. Ela é mais feita de palavras do que de penas. É como se ela tivesse sido lida de um conto de fadas. Pousou nesse mundo encabulada! Onde estou? Eu sou da terra encantada! Passarinha Robin é uma sonhadora de histórias.



domingo, 6 de novembro de 2022

Cadeirinha verde

 


Sentada na minha cadeirinha mágica, observando para além do muro com florzinhas. Meus olhos seguem as folhas, sonhando os contos e poemas das florestas infinitas. Meu pequeno coração, sonha florido, meus olhos, sonham estrelas. Sentada na minha cadeirinha verde, sinto o cheiro das rosas, elas cantam a música das fadas e dos anjos. Eu queria ter nascido outrora ou adiante, pois escuto outros sons. Eu queria ser a florzinha que olho da minha cadeirinha, viver no mundo das miniaturas imaginantes. Um doce sopro habita em mim, o vento e a brisa da minha cadeirinha.

(Escrevi esse textinho e fiz essa ilustração  inspirada em uma cadeirinha que tive quando criança. Adorava sentar nela e ficar observando as pequenas coisas em minha volta. Também me inspirei em um trechinho do livro "Olhinhos de gato" de Cecília Meireles, quando a mesma também ganha uma cadeirinha para olhar o mundo. Acho que eu no caso sou "Olhinhos de coelho"). 


domingo, 19 de junho de 2022

Cestinha de flores




Tantas flores no campo
amiga passarinha!
Elas irão enfeitar nosso coração.Quando a primavera se forEscutarei seu canto com o canto das flores.E alguém pode perguntar:As flores cantam?Ora, claro que cantam!Escute a bela música que fazemAo balançarem no ventoAo receberem a chuva da manhã,As pequeninas canções que fazemQuando encontram as pequenas gotinhas de orvalho.Que belas músicas pro meu coração de ursinhaA música dos pássaros como tu minha amigaE a músicas das flores.Já sinto meu coração como uma terna cestinha de flores.


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Um sonho de florescer






Sonhando floresque em doce melodiacantam com os pensamentosque docemente sopram.Esse sonhar é adormecer em poesia.As águas serenasouvem meu coração.As ondinhas até dançamno lago primaveril.Margaridas e rosasagora vivem brotandonas minhas palavras.

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Hans Christian Andersen e algumas flores poéticas




Três contos de Andersen têm flores e um lugar especial em meu coração, na verdade muitos contos dele tem a mágica presença floral e moram em meus mais doces pensamentos, e ainda farei um post especial com outros dois contos com nomes de flores que guardam muita poesia, mas por agora quero falar desses. “O anjo” conta a história sobre uma criança que está a viajar ao céu com um anjo. Toda criança ao morrer é levada pelos anjos para passear voando pelos lugares que gostou, e levam flores para que Deus possa lhes dar vida em um abraço no coração lá no céu, e assim as flores recebem voz e cantam em um grande coro, crescendo mais lindas no mundo celeste do que na terra. O menino escolhe uma roseira que estava quebrada, e o próprio anjo pede para ele levar uma florzinha seca em um vaso, revelando depois que antes de ser anjo foi um menino, e que aquela florzinha era dele e lhe dava felicidades sempre florindo quando esteve doente. 




No conto “Cinco grãos de uma só vagem”, uma ervilha cai perto da janela de uma menina que estava doente, crescendo e dando uma pequenina flor que renova suas esperanças. Uma pequenina flor que recupera a saúde, que acalenta os olhos, como se fosse a flor mais preciosa dessa vida, que traz uma pequena e terna alegria. É como se a alma da menina acabasse se ligando com a flor, voltando a querer florescer. 


Em “As flores da pequena Ida”, a menina escuta uma história que as flores ficam murchas por estarem cansadas, pois durante a noite, todas as flores dão um lindo baile. Ida acredita e até presencia um baile floral, com flores dançando, cantando e tocando até piano. Todas as flores nessas histórias são como um acalento, e meu coração também quando está triste e sem forças se alegra por uma florzinha minha que começa a nascer e desabrochar. Flores pelo caminho sempre alegram meus passos, de uma pequenina plantinha pode nascer uma imensa felicidade. Bonito imaginar flores que cantam a noite ou no céu, anjos e crianças que escolhem florzinhas machucadas e as levam para o coro celeste. As flores na terra são como um pouquinho de céu, e nosso coração certamente pode ser esse jardim florido e cantante. Fico aqui florescendo meus olhos nessas leituras, deixando florescer meu coração na escrita, quem sabe ainda possa nascer em alguma letra, uma pequenina flor bailarina. 



sexta-feira, 16 de julho de 2021

Pensamentos poéticos: Guarda-chuva amarelo e galochas vermelhas

 


Quando pequena tive um guarda-chuva amarelo, lembro do som das pocinhas de águas da chuva que pulava com ele e das galochas vermelhas que nunca tive. Queria ter galochas, mas não sei por que não as tive, pulava as poças com outros tipos de sapatos, pensando nas galochas vermelhas e de como elas ficariam adoráveis com meu guarda-chuva amarelo. Ter aquele guarda-chuva era como habitar um sonho, uma espécie de proteção poética que eu tinha, presente da mãe, com muitos coelhinhos e cogumelos desenhados nele. Pensava que as pocinhas de águas eram portais, que a qualquer momento que eu colocasse meus pés em uma delas, entraria no céu e nas árvores que as águas chuvosas refletiam. Quando a chuva passava, eu amava olhar os passarinhos se banhando nas pequeninas pocinhas, era a poesia mais terna e doce todas aquelas asinhas festejando naqueles portais mágicos, eram as serenas delicadezas do interior. Cresci e percebi a falta que me fazia um guarda-chuva amarelo, e alguns anos atrás comprei um, ele tinha até uma coelhinha e um cogumelo também, sai com ele com os versos dançando em minhas mãos. Em um dia de chuva encontrei uma ruazinha com florzinhas amarelas no chão que combinavam tanto com ele, e percebi que ainda me faltavam as galochas vermelhas. Carlos Drummond de Andrade diz que temos saudades também do que não existiu, e que ela dói bastante, e eu concordo com ele, e não penso só nas galochas vermelhas que nunca tive quando menina, mas todas as outras saudades das inexistências que se bordaram em meu coração. Poderia ter minhas galochas vermelhas junto com meu guarda-chuva amarelo, mas não as tenho, não está mais chovendo, mas as chuvas irão voltar, e quem sabe com as galochas vermelhas eu enfim consiga entrar nos portais mágicos das pocinhas, imagina se o segredo para entrar nelas é a combinação de um guarda-chuva amarelo com galochas vermelhas? Um dia em um doce momento, encontrei em uma decoração de um lugar encantado uma galocha, só uma, sem o outro par, pensei se não seria um sinal para mim, uma galocha só como o sapatinho da Cinderela que permanece, será que uma fada deixou a galocha ali para me lembrar que preciso passar o portal encantado? 




Na verdade todos esses pensamentos resumem que tenho um guarda-chuva amarelo, que não tenho as galochas e já estou com saudades da chuva, de ver as gotinhas de chuva nos botõezinhos de rosa, as gotinhas da chuva mesmo, e não do regador. Alguma coisa sempre falta, e se não tivesse me faltado, não teria a poesia, não teria esse doce imaginário. Mas a poesia também está no guarda-chuva amarelo que tive, nos dias de chuva que regaram meu coração. A poesia está entre a presença e a ausência. Entre o que foi e o que não foi. Entre a falta e o transbordar. Nos passarinhos alegres nas pocinhas. Nas gotinhas de chuva nas plantas que sonham. No sussurrante som das águas dos pequenos fragmentos de chuva que caíram nos cílios um dia, nascendo palavras. Nos guarda-chuvas e nas galochas.